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Archive for the ‘Uncategorized’ Category

Não leia

Os pedaços estavam espalhados por todos os cantos. Alguns tão pequenos que recolhê-los era tarefa quase cirúrgica; outros grandes, ainda deixavam ver as letras, os rostos. Eram sorrisos desfeitos, palavras rasgadas, tudo meticulosamente espalhado pela grama, na varanda, no chão do quarto.
Eram os únicos pedaços físicos que tinha. O resto estava no computador, e tinha medo de deletar. Foi seu único medo: apertar a tecla que equivaleria a nunca mais ter aquele passado em sua vida. Mensagens, fotos, bilhetes, tudo no computador, devidamente armazenado em uma pasta com o seu nome.
Precisava se livrar da esperança de um dia você voltar atrás, mas não o fez. Esperou que você saísse, rasgou as provas físicas de sua existência e, ouvindo sua música favorita, tentou deletar o que restava. Tentou arduamente, tentou enquanto percebia que as lembranças externas, registradas no computador ou em papel, não superavam a dor física da lembrança, dos dias, das noites, das horas juntos, dos sorrisos.
Não conseguiu apagar nenhuma das lembranças – e no final ainda se arrependeu de ter rasgado as outras e espalhados-as, mas era tarde demais pra voltar atrás. Tarde pra qualquer um dos dois voltar atrás.
E por que então ela ainda tinha esperança?

(2012)

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“Só existem sete idéias originais no mundo. Todas as outras são variações dessas sete.”

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Dicas

NY é uma cidade a qual você se adapta com facilidade, se estiver acostumado a andar no centro do Rio. Os cuidados básicos são os mesmos: bolsa, carteira, dinheiro, câmera não podem dar mole (não é porque você recebe em reais e eles em dólares que sua carteira será desprezada; turista descuidado é turista descuidado em qualquer lugar do mundo, com as mesmas consequências desastrosas).

1- O metrô fornece gratuitamente mapas das linhas, mas só das linhas com uma ou outra indicação da superfície. Isso quer dizer que você saberá exatamente onde está embaixo da terra, mas se sair talvez não apareça no mapa onde você está. Por isso, sugiro arrumar um mapa da cidade também. Os dois usados conjuntamente são perfeitos, mas assim como as indicações da cidade no mapa do metrô são insuficientes, as indicações do metrô no mapa da cidade também o são. Use os dois mapas.

2- Existem dois sentidos básicos: uptown e downtown. Aqui em NY, “downtown” é literalmente “para baixo”, enquanto “uptown” é literalmente “para cima”. Uma linha no sentido downtown vai descer no mapa da cidade e vice-versa. Preste atenção, porque em algumas estações a entrada é exclusiva para um ou outro sentido, o que quer dizer que se você entrar na entrada errada terá que sair e pagar novamente. Por via das dúvidas, compre o “metrocard” semanal, que não tem limite de utilização e vai permitir corrigir erros de entrar na estação errada.

3- Você vai precisar de pelo menos 10 dias se quiser fazer o programa básico visitas+compras. Em 7 dias você faz um ou outro bem, ou os dois meio “nas coxas”.

4- Não despreze algumas horas de caminhada despreocupada, despretensiosa e sem direção pela cidade e pelo Central Park. Como toda cidade grande, NY consegue misturar coisas normais (como mercados e lojas de comida) com coisas turísticas (museus, lojinhas de souvenir) e paradas para descanso nas praças. São poucas, NY não é como Paris, que parece ter sido propositadamente criada para abrigar parques e pracinhas em todos os lugares (“olha, tem um espaço sobrando ali, vamos colocar uns banquinhos, plantar umas árvores e flores e pronto!”), mas ainda assim tem o Central Park, que fica mais ou menos no meio da cidade que MERECE uma visita.

5- Compras em New Jersey, no Jersey Gardens. Vão falar pra você ir no outlet de Woodbury Common, mas dependendo do seu saldo bancário eu sugiro ir direto ao Jersey Gardens – outlet de todas as grandes lojas (Tommy, Gap, Banana Republic etc etc etc). Não tenha vergonha de ir até o final da loja e procurar os saldos (dica da namorada do Pedro, muito bem praticada). Os americanos tratam muito bem quem se dispõe a gastar dinheiro.

Conforme eu for lembrando, vou postando aqui.
A título de curiosidade, hoje está chovendo e a temperatura está na casa dos 4 C. Positivos, pelo menos.
Amanhã é dia de passeio de barco pra ver a Estátua de Liberdade e Ellis Island (de longe, André, de longe).

[Leo, acho que não poderei tirar a foto de turbante. Vou correr o risco de ser atirada ao mar com turbante e câmera! Não muito saudável, certo?]

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No domingo, pelo msn, tive uma conversa muito interessante sobre a expansão do universo versus o afastamento das galáxias. A dúvida, iniciada não me lembro exatamente como, dividiu-se entre “expansão do universo / afastamento das galáxias” e “universo finito / universo infinito”.

E ontem, no American Museum of Natural History, parte das dúvidas foram sanadas (e eu fui obrigada a dar o braço a torcer, ao menos em parte):

O universo está em expansão sim...

O universo está em expansão sim...

... mas realmente pode ser infinito.

... mas realmente pode ser infinito.

(Tenho cá minhas dúvidas – infundadas – quanto a ele ser infinito.. rs)

===

Notinhas

1- Eu preferi muito mais o Museu de História Natural do que o Metropolitan. Esse último é mais badalado, mais cult, mas a parte do Universo no primeiro me conquistou de cara. E pareceu mais fácil de percorrer. Aliás, isso é um ponto que os museus de Paris têm de bom: o mapa é absurdamente amigável, som salas numeradas (só falta você encostar o dedo no papel e ele te dizer como chegar naquele ponto saindo de onde está), enquanto os dois museus nova-iorquinos visitados até agora deixaram muito a desejar no quesito “faça você mesmo”…

2- O Central Park é bastante fotogênico. Na verdade, até agora eu o achei o ponto mais fotogênico da cidade, talvez principalmente pelo fato de ele não estar verdinho e fofinho com criancinhas correndo. É realmente um lugar bonito, admito.
dsc00083

3- Essa última foto foi tirada no Central Park com a minha nova máquina fotográfica. Agradecimentos a Leandro e André, que me aturaram tirando dúvidas e pedindo opinião. 🙂

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Canaã

A que ponto nós chegamos…

terra prometida

(Nota: Este post não tem como intenção desrespeitar qualquer filosofia religiosa.)

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Original?!

Este blog não é o que se pode chamar “original”.
Já foi reticenciaseentrelinhas.blogger.com.br, abreparenteses.blogspot.com (o endereço que eu perdi), abreparentesesreticencias.blogspot.com e agora é abreparentesesreticencias.wordpress.com (que eu me recuso a colocar o link por motivos óbvios).
Mesmo assim, ontem o David resolveu homenagear-nos com o título de “Blog Original”. Uso o plural indevidamente, sim, uma vez que apenas a última versão de minhas memórias foi presenteada; mas uso-o por terem sido todos os blogs anteriores os responsáveis por dar essa cara à minha presente (e também corriqueira e enfadonha) versão virtual.

O endereço não é original, nem mesmo o provedor é original. Meus leitores insistentemente antigos devem lembrar que eu mudei pro wordpress por indicação do Leandro, que havia feito o mesmo e recomendado a terceiros conhecidos e desconhecidos.

Por fim, excetuando alguns posts mais ou menos polêmicos escritos em 2008, eu não posso dizer que minhas palavras ecoaram na blogsfera de forma contundente. Mas, como diria o André, se qualquer um pode falar a esmo por aqui, e encher o mundo com terabytes de informações inúteis, por que não eu???

Então, aceito o selo com toda a honra que me é peculiar, e com um sorriso de canto de rosto. 🙂

De minha parte, indico, originalmente, O Cachambi não é aqui!. Impressionante como o cara consegue falar muito sobre quase tudo e sobre quase nada! (Sem ofensa, Leandro.. rs)

Indicaria também o Bobeatus sunt… e o Vala comum, mas esses já foram indicados.
Pra puxar a sardinha pros meus textos mais polêmicos, eu indicaria a originalidade do Cada um no seu quadrado, que tem um subtítulo conhecido apenas de seus sócios-fundadores, mas isso também já foi feito.
Por fim (usando uma expressão bem jurídica), pelo sarcasmo típico dos poucos textos (e por ser um dos melhores e mais distantes amigos que eu tenho), indicaria também o Ei, catatau!, mas esse – estranhamente, diga-se de passagem – foi indicado pelo Eduardo…

Vai entender esse mundo virtual. Quando você percebe, seus amigos estão se indicando pelas suas costas, e você acaba sendo o último a saber… 😛

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E nesse ano que acabou de começar, deixo vocês com a sabedoria de Garfield.

garfield

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Ainda poesia?

Em 1995 (isso mesmo, no século passado), o SBT exibiu o remake da novela “Sangue do meu sangue“. Não vi o original, mas pela trama de época, passada no segundo reinado, bem no período em que o abolicionismo estava na moda, lembro de ter sido esta a novela eleita por mim e pela minha irmã como aquela que faria palpitar nossos corações adolescentes com as cenas do próximo capítulo.

Não riam – eu tinha 13 anos e era uma menina tímida, ingênua e com uma inteligência acima da média (modéstia pra quê? rs), o que me tornava a aluna preferida dos professores, fato que, junto ao resto, me transformou em alvo de piadinhas da galera do fundão (da sala, não a ilha onde tem a UFRJ).

Lembro que em um dos capítulos, já na reta final da novela, quando os abolicionistas se reuniam com mais frequencia e ousadia do que no início, fazendo suas incursões para libertar escravos, um dos personagens declamou um poema do Castro Alves que – eu não sei porque – mexeu comigo de uma maneira impressionante.

Nesse ano, quase toda semana íamos para a casa da minha avó às 6as feiras, e por isso perderíamos a novela, não fosse o video e as fitas re-gravadas (e já com qualidade comprometida). Esse capítulo foi gravado e eu anotei o que consegui entender, na esperança de encontrar o tal poema.

Esse ano, há alguns meses, esbarrei em um livro de bolso da L&PM. “Os escravos”, do mesmo Castro Alves. Tinha o clássico “Navio negreiro”, e por este motivo comprei-o. Devorei-o em um dia, e na metade do livro achei o poema. Chama-se “Tragédia no lar”, e o trecho que eu ouvi na novela foi esse:

Leitor, se não tens desprezo
De vir descer às senzalas,
Trocar tapetes e salas
Por um alcouce cruel,
Vem comigo, mas … cuidado …
Que o teu vestido bordado
Não fique no chão manchado,
No chão do imundo bordel.

Não venhas tu que achas triste
Às vezes a própria festa.
Tu, grande, que nunca ouviste
Senão gemidos da orquestra
Por que despertar tu’alma,
Em sedas adormecida,
Esta excrescência da vida
Que ocultas com tanto esmero?
E o coração – tredo lodo,
Fezes d’ânfora dourada
Negra serpe, que enraivada,
Morde a cauda, morde o dorso
E sangra às vezes piedade,
E sangra às vezes remorso?…

Não venham esses que negam
A esmola ao leproso, ao pobre.
A luva branca do nobre
Oh! senhores, não mancheis…
Os pés lá pisam em lama,
Porém as frontes são puras
Mas vós nas faces impuras
Tendes lodo, e pus nos pés.

Porém vós, que no lixo do oceano
A pérola de luz ides buscar,
Mergulhadores deste pego insano
Da sociedade, deste tredo mar.

Vinde ver como rasgam-se as entranhas
De uma raça de novos Prometeus,
Ai! vamos ver guilhotinadas almas
Da senzala nos vivos mausoléus.

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Linux

Considerando a súbita perda de identidade do Vista, que começou a não reconhecer nada, nem mesmo o que veio instalado com ele (lembram a tela azul da morte? pois é, eu achando que ela só aparecia no Windows 98…), resolvi radicalizar e instalar o Linux.

Quer dizer, instalar não. Instalaram pra mim, num final de tarde, enquanto o Vista era devidamente trucidado (uma vez que salvá-lo mostrou-se tarefa impossível). Instalaram e configuraram, enquanto eu pensava “eu não acredito que estou fazendo isso… eu não acredito que estou mesmo fazendo isso…” com um sorrisinho sem graça, morrendo de medo.

Pois bem, o linux escolhido foi o ubuntu, e eu posso me dizer bastante satisfeita até agora.
A vantagem de ser um sistema operacional aberto é permitir que trocentas pessoas no mundo inteiro – que possivelmente terão mais ou menos os mesmos problemas com ele que você terá na sua casinha – fuxiquem o pobrezinho do código-fonte e desenvolvam uma “solução de contorno”, como diriam meus clientes de TIC.

Ou seja: seu modem Claro 3g não conecta? Não se preocupe! Alguém vai descobrir como forçá-lo a usar o DNS certo, ao invés de teimar em usar o errado.

E sim, é fácil usar.
Sem contar que tem Mahjong e Sudoku instalados. E eu lá quero vida mais fácil que essa? 😉

Obrigada, meninos!
Mas eu lembro de ter dito que eu queria ajuda, não que vocês iam fazer tudo… assim perdeu parte da graça… rs

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O mágico de Oz é um placebo – e é essa a conclusão que eu cheguei alguns meses depois de ler o livro pela segunda ou terceira vez.

O placebo dos 4 personagens principais, que procuram algo que já têm.

O espantalho é o mais inteligente de todos, aquele que tem as idéias e acaba ajudando todos – até o momento em que descobre que não precisa da ajuda do mágico.

O homem-de-lata procura um coração, mas passa toda a história derretendo-se com animais e plantas e ajudando os outros 3 companheiros de viagem. No final, é o mais sincero e honesto de todos, e o que tem o maior coração – novamente, o mágico nada faz, além de mostrar isso.

O leão acha-se um covarde, mas arrisca-se pelos amigos e sacrifica sua própria integridade física quando necessário, demonstrando ser o mais leal e corajoso de todos. E o mágico nada faz para isso, porque não é necessário.

E por fim, Dorothy, que não se sente em casa com os tios, que sente falta dos pais (mortos) e que passa tanto tempo passeando pela fazenda até ser levada pelo tornado. No final, o que ela mais deseja – voltar para casa – é conseguido. E aí entra a mágica dos sapatinhos. Mas Dorothy sempre esteve em casa.

E por que tudo isso de novo?
Porque hoje, pensando em um post para cumprir a promessa feita a Dudu (O Nobre), percebi que cada um dos 4 advogados novos tem traços de um dos personagens do Mágico de Oz.

Sinceramente? Eu apenas gostaria de poder mostrar para eles como eles já são tudo que querem ser – bem ao estilo “mágico de Oz”…

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