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Archive for Novembro, 2023

Existe uma hipótese científica chamada “dark forest” (floresta silenciosa, em uma versão para o português), utilizada para explicar porque não fazemos contato com seres de outros mundos.

Segundo essa hipótese, quando uma civilização atinge determinado estágio de desenvolvimento que lhe permitiria viagens intergaláticas, rola um medo ou um sentimento de autoproteção: se eu posso chegar até eles, talvez eles também possam chegar até mim; e se eles chegarem até mim, que garantia eu tenho que eles serão amigáveis?

Por causa desse medo os possíveis mundos que potencialmente poderiam fazer contato conosco não o fazem – e isso motivaria também nosso próprio silêncio, ao invés de mania de se aparecer que fez a gente soltar sonda com endereço, música, imagem.

(Ser humano é bicho burro… vê se outros bichos ficam se amostrando assim no meio da floresta.)

Outro dia estava conversando com uma colega sobre a pouca probabilidade de uma 3a guerra mundial desde a invenção da bomba atômica e lembrei dessa hipótese. Não é que ninguém queira entrar, é que uma vez tendo entrado, ninguém sabe se vai conseguir sair. E o preço pode ser alto demais.

Essa minha colega ainda usou o exemplo dela e dos irmãos:

Tenho 4 outros irmãos e sempre caímos na porrad@. Mas sempre usamos como condição a presença de alguém que pudesse nos separar caso a briga escalasse. Se não houvesse essa pessoa, a gente não brigava.

Parece razoável. Se fazer de morto, fingir que não tá vendo, fingir que não tá lá, em algumas situações continua sendo a maneira mais eficiente de garantir a sobrevivência – própria, do outro e da civilização.

(Leiam “The three-body problem”, do Cixin Liu)

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Outro dia amigo me disse que eu sou inteligente. Essa síndrome do impostor sempre me pegou de jeito e geralmente em momentos críticos: prova, teste, apresentação. Qualquer tipo de seleção, e eu lá achando que não era boa o suficiente e que algum dia – talvez naquele – perceberiam e eu seria desmascarada.

Amigo disse que tenho essa mania, de me diminuir pra caber. Disse que não preciso, que eu caibo e, se não couber, as pessoas abrem espaço naturalmente. Aparentemente eu ocupo espaço.

(Ok, tecnicamente ele não disse isso; talvez nem tenha pensado. Mas foi o que eu entendi – ou o que eu estava precisando entender. Amigo não nomeado, não pode nem reclamar da minha licença poética.)

Reconhecer-me como alguém capaz de ocupar espaço demorou anos de terapia. 5 anos, pra ser precisa. E alguns muitos comprimidos pro tratamento constante de ansiedade.

(Transtorno de ansiedade generalizada. Nominho bonito, né?)

Amigo me deu uma bronca sobre isso – ele jamais diria que foi uma bronca, mas foi sim -, me lembrando que são poucas as pessoas que ele reconhece como iguais.

Saritinha, nós dois temos um grave defeito: não acreditamos em nós mesmos.

(Pausa para apreciar o uso do meu apelido preferido, que poucas pessoas usam: ☺️)

Amigo tem razão. E ao mesmo tempo não tem. Ainda tô tentando entender como meu cérebro funciona.

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