Todo mundo está cansado de saber que na internet não existe privacidade. Tudo que você procura, escreve ou carrega, vinculado ao seu email, é de alguma forma armazenado por alguém que acredita ser essa informação útil. E normalmente é, vide a novidade do “veja se os contatos do seu iPhone estão no Twitter” que foi desmascarado como “faça upload de seus contatos pro Twitter e nos deixe com todas as informações mwahahaha” (aqui a gargalhada em português).
O que ninguém esperava é que a Target, muito conhecida nos EUA pela profusão e variedade de produtos, além do tamanho colossal das lojas da rede, conseguisse, com isso, descobrir se suas clientes estão grávidas ou não, direcionando cupons de desconto específicos pra elas.
É simples. O banco de dados deles é bom. Cada cliente recebe um código, válido em toda a rede, em todo o país. E o sistema cruza os dados, formando um perfil de compras de cada pessoa a partir desse código. O que significa que o sistema conseguiria acompanhar o que você tem comprado recentemente e comparar com compras anteriores. E com as compras de outras pessoas. Com isso, monta-se um perfil tanto do indivíduo quanto da comunidade local. Muito útil pra uma rede varejista.
A análise direcionada às grávidas começou quando eles resolveram passar um pente fino nas clientes que tinham se cadastrado para receber informações de produtos da linha “baby”. E comparando os registros perceberam que mulheres por volta do 3o mês tendiam a comprar loções sem perfume (enjôos? alguém?), que na 20a semana aumentava o consumo de suplementos de cálcio, zinco e magnésio e que próximo ao nascimento comprava-se algodão desesperadamente.
Daí pra comparar esses perfis de compras com perfis de pessoas que não estavam cadastradas na lista de produtos pra bebê foi um pulo. E daí pra começar a direcionar os cupons de desconto e promoções para pessoas com esse mesmo perfil de compras, apostando na gravidez da pessoa, foi um golpe de gênio.
[Conta-se até a história do pai de uma adolescente que chegou bufando a uma loja da Target, indignado com o email que a filha tinha recebido com promoções para roupas de bebê, perguntando se a rede estava incentivando as meninas a manterem relações sexuais e engravidarem. O gerente pediu desculpas e, quando entrou em contato de novo para novo pedido de desculpas, o pai admitiu ter conversado com a filha após o escândalo e ter ela admitido estar grávida.]
Então eles se perguntaram:
– Poxa. Se eu começar a mandar email pras pessoas parabenizando-as por um filho que elas não tinham informado ao mundo que existe, elas vão ficar meio boladas, né? Como eu posso fazer pra disfarçar?
A solução? Simples!
Disfarçar a propaganda de verdade – os cupons de desconto da seção de bebês – no meio de um monte de propaganda de mentira. Afinal, qual futura mãe vai achar que está sendo perseguida se receber um email com promoção de produtos de higiene infantil e de kits para churrasco?
[Fonte: Forbes.com. How Target Figured Out A Teen Girl Was Pregnant Before Her Father Did.]
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